Fibrilação Atrial
Jornada dos pacientes com FA
Pacientes portadores de fibrilação atrial (FA) em terapia anticoagulante oral para prevenção de eventos tromboembólicos podem apresentar quadros de sangramento incontrolável e/ou com risco à vida ou necessitar de cirurgia de emergência ou outro procedimento invasivo para o qual uma hemostasia normal é desejável (implante de marca-passo, trombólise de acidente vascular cerebral isquêmico, entre outros). Nessas situações, a reversão imediata da ação anticoagulante é importante. Vale salientar que frequentemente a necessidade de intervenções de emergência não está associada com o uso de anticoagulante, porém aumenta as complicações e a mortalidade. Sem dúvida, a possibilidade da reversibilidade imediata e segura do efeito anticoagulante constitui uma segurança que sempre deve ser levada em consideração quando da prescrição de um anticoagulante oral para esses pacientes. Nesse contexto, a dabigatrana é o único novo anticoagulante oral que disponibiliza um reversor específico da atividade anticoagulante, o idarucizumabe. A dose recomendada do idarucizumabe é de 5 g divididos em dois frascos separados, cada um contendo 2,5 g/50 mL, aplicados em intervalo de 15 minutos, via endovenosa, com infusões consecutivas de 5 a 10 minutos cada ou injeção em bolus. A reversão ocorre de maneira imediata, com duração de efeito de 12 a 24 horas.1
Diretrizes de Guidelines
A diretriz do American College of Cardiology (ACC) e da American Heart Association (AHA), em colaboração com a Heart Rhythm Society (HRS), de 2019,2 sobre o manuseio de pacientes com fibrilação atrial, coloca como indicado e altamente benéfico o uso do idarucizumabe em pacientes com sangramento importante com risco à vida ou que necessitam de um procedimento urgente. Forneceram suporte para essa afirmação os dados do estudo REVERSE-AD3 com 503 pacientes, que demonstrou que o idarucizumabe, um fragmento de anticorpo monoclonal que se liga à dabigatrana, rapidamente normalizou a hemostasia com segurança nesse grupo de pacientes.
A figura 1 mostra o passo a passo do tratamento dos pacientes com sangramento leve, sangramento maior sem risco à vida e sangramento com risco à vida para pacientes em uso de anticoagulantes orais, segundo a Associação Europeia do Ritmo Cardíaco.4
Referências
-
Schiele F, van Ryn J, Canada K, Newsome C, Sepulveda E, Park J, et al. A specific antidote for dabigatran: functional and structural characterization. Blood. 2013;121:3554-62.
-
January CT, Wann LS, Calkins H, Chen LY, Cigarroa JE, Cleveland JC Jr, et al. 2019 AHA/ACC/HRS Focused Update of the 2014 AHA/ACC/ HRS Guideline for the Management of Patients With Atrial Fibrillation: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines and the Heart Rhythm Society in Collaboration With the Society of Thoracic Surgeons. Circulation. 2019;140:e125-51.
-
Pollack CV Jr, Reilly PA, Eikelboom J, Glund S, Verhamme P, Bernstein RA, et al. Idarucizumab for Dabigatran Reversal. N Engl J Med. 2015;373:511-20.
-
Steffel J, Verhamme P, Potpara TS, Albaladejo P, Antz M, Desteghe L, et al. The 2018 European Heart Rhythm Association Practical Guide on the use of non-vitamin K antagonist oral anticoagulants in patients with atrial fibrillation. Eur Heart J. 2018;39:1330-93.