Fatores de risco

É fundamental controlar os fatores de risco para TVP, especialmente para pacientes internados para cirurgia eletiva ou de emergência.

Terapia não farmacológica

É eficiente na redução de TVP em vários grupos de pacientes, todavia com eficiência menor que a profilaxia farmacológica. É mais indicada nos pacientes com alto risco de sangramento ou associada à profilaxia farmacológica com a finalidade de aumentar sua efetividade:4

  • Meias elásticas de compressão graduada;
  • Compressão pneumática intermitente;
  • Bombas venosas para os pés.

Terapia farmacológica

Atualmente, a profilaxia medicamentosa deve ser estendida, em algumas situações, por até 35 dias, principalmente nas cirurgias ortopédicas (ATJ, ATQ e cirurgia para fratura de quadril), pois a maioria dos eventos tromboembólicos sintomáticos é diagnosticada após a alta, e o risco aumentado de TEV continua por mais de três meses após a ATQ e por mais de um mês após a ATJ.18

  • Heparina não fracionada (HNF) 5.000 unidades internacionais (UI) por via subcutânea três vezes ao dia – Metanálise de 46 estudos clínicos randomizados, com 15.000 pacientes submetidos a cirurgia, demonstrou redução maior que 60% em TVP assintomática e TEP fatal, bem como diminuição significativa na mortalidade.19,20
  • Heparina de baixo peso molecular (HBPM) – Representada pela enoxaparina e pela dalteparina, constitui a opção mais eficiente de profilaxia para um grande número de pacientes, tendendo a substituir a HNF. Possui rápido início de ação e dose única diária.4,19
  • Antagonistas da vitamina K (AVKs) orais, como a varfarina – Usados há anos para profilaxia nas cirurgias ortopédicas, são eficazes na redução do TEV, porém com algumas desvantagens: início de ação prolongada, variação grande na dose entre os pacientes e taxas maiores de sangramento na profilaxia estendida.4,19,21
  • Inibidor indireto sintético do fator Xa (fondaparinux) – Eficaz para profilaxia de TEV em pacientes clínicos,22 cirurgia geral23 e em metanálise com mais de 7.000 pacientes submetidos a cirurgia ortopédica.24
  • Novos anticoagulantes orais (NACOs) – A possibilidade do uso de anticoagulantes orais que não necessitam de monitoramento ou ajuste de dose constitui uma ótima opção terapêutica para profilaxia do TEV.

A dabigatrana 150 ou 220 mg uma vez ao dia foi comparada à enoxaparina no estudo RE-MODEL,25 com 2.076 pacientes após cirurgia de ATJ, após acompanhamento de três meses, com objetivos de eficácia composta de TEV (venografia ou sintomático) e mortalidade total e resultados de segurança, representado por eventos hemorrágicos demonstraram nas doses testadas não inferioridade da dabigatrana comparada a enoxaparina.

Na ATQ, os efeitos da dabigatrana 220 mg uma vez ao dia em tratamento por 28 a 35 dias foram comparados com os da enoxaparina 40 mg por via subcutânea em 4.374 pacientes agrupados do estudo RE-NOVATE26 e RE-NOVATE II.27 Em análise agrupada pré-especificada, a profilaxia estendida com dabigatrana foi tão eficaz quanto a com enoxaparina na redução do risco de TEV total e mortalidade por todas as causas após ATQ, com um perfil de sangramento semelhante. O resultado clinicamente relevante de TEV importante, representada pela TVP proximal ou embolia pulmonar não fatal e morte relacionada a TEV, foi significativamente reduzido com dabigatrana versus enoxaparina.28

Referências

  1. Bates SM, Jaeschke R, Stevens SM, Goodacre S, Wells PS, Stevenson MD, et al. Diagnosis of DVT: Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. Chest. 2012;141(2 Suppl):e351S-418S.

  2. Beckman MG, Hooper WC, Critchley SE, Ortel TL. Venous thromboembolism: a public health concern. Am J Prev Med. 2010;38(4 Suppl):S495-501.

  3. Heit JA, Silverstein MD, Mohr DN, Petterson TM, O’Fallon WM, Melton LJ 3rd. Risk factors for deep vein thrombosis and pulmonary embolism: a populationbased case-control study. Arch Intern Med. 2000;160(6):809-15.

  4. Geerts WH, Bergqvist D, Pineo GF, Heit JA, Samama CM, Lassen MR, et al. Prevention of venous thromboembolism: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines (8th Edition). Chest. 2008;133(6 Suppl):381S-453S.

  5. Anderson FA Jr, Spencer FA. Risk factors for venous thromboembolism. Circulation. 2003;107(23 Suppl 1):I9-16.

  6. Mcmanus RJ, Fitzmaurice DA, Murray E, Taylor C. Thromboembolism. BMJ Clin Evid. 2011;2011:0208.

  7. Lopes LC, Eikelboom J, Spencer FA, Akl EA, Kearon C, Neumann I, et al. Shorter or longer anticoagulation to prevent recurrent venous thromboembolism: systematic review and meta-analysis. BMJ Open. 2014;4(7):e005674.

  8. Streiff MB. Predicting the risk of recurrent venous thromboembolism (VTE). J Thromb Thrombolysis. 2015;39(3):353-66.

  9. Song K, Xu Z, Rong Z, Yang X, Yao Y, Shen Y, et al. The incidence of venous thromboembolism following total knee arthroplasty: a prospective study by using computed tomographic pulmonary angiography in combination with bilateral lower limb venography. Blood Coagul Fibrinolysis. 2016;27 (3):266-9.

  10. Caprini JA, Arcelus JI, Motykie G, Kudrna JC, Mokhtee D, Reyna JJ. The influence of oral anticoagulation therapy on deep vein thrombosis rates four weeks after total hip replacement. J Vasc Surg. 1999;30(5):813-20.

  11. Barros MVL, Pereira VSR, Pinto DM. Controversies in the diagnosis and treatment of deep vein thrombosis for vascular ultrasound. J Vas Bras. 2012;11(2):137-43.

  12. Osman AA, Ju W, Sun D, Qi B. Deep venous thrombosis: a literature review. Int J Clin Exp Med, 2018;11(3):1551-61.

  13. Wells PS, Anderson DR, Bormanis J, Guy F, Mitchell M, Gray L, et al. Value of assessment of pretest probability of deep-vein thrombosis in clinical management. Lancet. 1997;350(9094):1795-8.

  14. Wells PS, Anderson DR, Rodger M, Ginsberg JS, Kearon C, Gent M, et al. Derivation of a simple clinical model to categorize patients probability of pulmonary embolism: increasing the models utility with the SimpliRED D-dimer. Thromb Haemost. 2000;83(3):416-20.

  15. Hirsh J, Lee AY. How we diagnose and treat deep vein thrombosis. Blood. 2002;99(9):3102-10.

  16. Guyatt GH, Akl EA, Crowther M, Gutterman DD, Schuunemann HJ. Executive summary: antithrombotic therapy and prevention of thrombosis, 9th ed: American college of chest physicians evidence-based clinical practice guidelines. Chest. 2012;141(2 Suppl):7S-47S.

  17. English WJ, Williams DB, Soto FC. Thromboembolic disease in the bariatric patient: prevention, diagnosis, and management. In: Herron DM. Bariatric Surgery Complications and Emergencies. New York, NY: Springer International Publishing; 2016. p. 51-71.

  18. Rahme E, Dasgupta K, Burman M, Yin H, Bernatsky S, Berry G, et al. Postdischarge thromboprophylaxis and mortality risk after hip-or knee-replacement surgery. CMAJ. 2008;178(12):1545-54.

  19. Collins R, Scrimgeour A, Yusuf S, Peto R. Reduction in fatal pulmonary embolism and venous thrombosis by perioperative administration of subcutaneous heparin. Overview of results of randomized trials in general, orthopedic, and urologic surgery. N Engl J Med. 1988;318(18):1162-73.

  20. Raymundo SRO, Lobo SMA, Hussain KMK, Hussein KG, Secches IT. What has changed in venous thromboembolism prophylaxis for hospitalized patients over recent decades: review article. J Vasc Bras. 2019;18:e20180021.

  21. Samama CM, Vray M, Barré J, Fiessinger JN, Rosencher N, Lecompte T, et al. Extended venous thromboembolism prophylaxis after total hip replacement: a comparison of low-molecular-weight heparin with oral anticoagulant. Arch Intern Med. 2002;162(19):2191-6.

  22. Cohen AT, Davidson BL, Gallus AS, Lassen MR, Prins MH, Tomkowski W, et al. Efficacy and safety of fondaparinux for the prevention of venous thromboembolism in older acute medical patients: randomised placebo controlled trial. BMJ. 2006;332(7537):325-9.

  23. Agnelli G, Bergqvist D, Cohen AT, Gallus AS, Gent M. Randomized clinical trial of postoperative fondaparinux versus perioperative dalteparin for prevention of venous thromboembolism in high-risk abdominal surgery. Br J Surg. 2005;92(10):1212-20.

  24. Turpie AG, Bauer KA, Eriksson BI, Lassen MR. Fondaparinux vs enoxaparin for the prevention of venous thromboembolism in major orthopedic surgery: a metaanalysis of 4 randomized double-blind studies. Arch Intern Med. 2002;162(16):1833-40.

  25. Eriksson BI, Dahl OE, Rosencher N, Kurth AA, van Dijk CN, Frostick SP, et al. Oral dabigatran etexilate vs. subcutaneous enoxaparin for the prevention of venous thromboembolism after total knee replacement: the RE-MODEL randomized trial. J Thromb Haemost. 2007;5(11):2178-85.

  26. Eriksson BI, Dahl OE, Rosencher N, Kurth AA, van Dijk CN, Frostick SP, et al.; RE-NOVATE Study Group. Dabigatran etexilate versus enoxaparin for prevention of venous thromboembolism after total hip replacement: a randomised, double-blind, non-inferiority trial. Lancet. 2007;370(9591):949-56.

  27. Eriksson BI, Dahl OE, Huo MH, Kurth AA, Hantel S, Hermansson K, et al.; RE-NOVATE II Study Group. Oral dabigatran versus enoxaparin for thromboprophylaxis after primary total hip arthroplasty (RE-NOVATE II*). A randomised, double-blind, non-inferiority trial. Thromb Haemost. 2011;105(4):721-9.

  28. Eriksson BI, Dahl OE, Rosencher N, Clemens A, Hantel S, Feuring M, et al. Oral dabigatran etexilate versus enoxaparin for venous thromboembolism prevention after total hip arthroplasty: pooled analysis of two phase 3 randomized trials. Thromb J. 2015;13:36.